É também uma forma de esclarecer para os novos colecionadores que a Editora GIBIZADA, apesar de publicar álbuns que as vezes a tiragem não passava de 50 exemplares, se tornou um ícone entre colecionadores, fazendo com que as edições (pouco mais de 160 revistas publicadas), sejam tão procuradas por colecionadores do país!
Antecipadamente meus agradecimentos ao Edgard Guimarães que me forneceu material tão rico, que não consegui editar, resumir, ou fazer qualquer qualquer tipo de inserção nos textos.
O Edgard Guimarães participou ativamente do processo de edições, impressões e distribuição das publicações da GIBIZADA.
Para que entendam melhor a história da GIBIZADA, dividi em tópicos o texto. Assim entenderão o amor e dedicação de pessoas aos quadrinhos!
Aqui fica o muito obrigado do Museu dos Gibis a este grupo de abnegados amantes dos quadrinhos!
1 - Depoimento do Editor VALDIR DÂMASO:
Depoimento publicado em QI nº 108 (Mar/Abr/2011) e
Republicado no livro Memória do Fanzine Brasileiro (2013).
“Às vezes sinto falta dos tempos em que éramos parceiros nos
fanzines tipo “nostalgia”, aqueles nos quais eram republicadas velhas histórias
em álbuns com mais de 100 páginas, selecionadas entre as que foram menos
mutiladas pelas nossas ditas “grandes editoras”. Eu fazia as matrizes,
artesanalmente, com histórias copiadas das minhas próprias revistas, ou que me
eram remetidas por outros abnegados colecionadores, que com muita boa vontade
abriam as suas coleções, ou até me emprestavam edições originais para que eu as
xerocasse.
Naquele
tempo, quando eu já estava pensando em desistir de fornecer cópias das edições
Gibizada para interessados de outros estados, pela dificuldade que tinha em
obter boas cópias, e ainda pelo trabalho em remeter os exemplares pelo correio,
sem falar na inflação da época (quando recebíamos o pagamento de um exemplar, o
dinheiro não dava para pagar outro), de repente surgiu o QI, o pai adotivo de
todos os fanzines, pois foi Você, o seu Criador, que deu uma sobrevida, não só
ao meu trabalho, como também ao de dezenas de outros fanzineiros.
Primeiro
você nos havia proposto divulgar os trabalhos dos editores alternativos, isto
é, dos fanzineiros, depois veio uma proposta ainda melhor, quando sabiamente
adquiriu uma máquina xerox, e ofereceu-se para copiar e distribuir os nossos
trabalhos. Aceitei de imediato, e aí os meus álbuns tiveram uma sobrevida
inesperada, que me animou bastante, ao ponto de, durante cerca de 15 anos, ter
lançado 170 edições, desde novas cópias do Jornal da Gibizada até várias
coleções de álbuns com histórias completas, de diversos gêneros, inclusive de
tiras de jornais, na forma original, e trabalhos inéditos no Brasil. A maioria
desses álbuns tinha mais de 100 páginas e eram nos formatos ofício ou carta.
Mas,
como tudo que é bom dura pouco, a máquina xerox envelheceu, começou a dar
problemas e despesas maiores com a manutenção, ficando inviável para você
continuar com a sua parte. Eu ainda tinha um farto material para ser publicado.
Fiz algumas edições especiais, como aquelas da passagem do milênio, e de
homenagem a outros fanzines de nostalgia, e mais alguns que apenas esbocei mas não publiquei. Mas, avaliando o que
fizemos, acho que foi positivo o nosso esforço. Tivemos poucos leitores, porém
selecionados, e a alegria de termos trabalhado com o que gostamos.
Mas não
pude ficar por aí. No final do século XX, o saudoso Oscar Kern me conseguiu a
coleção completa, em xerox de excelente qualidade, da revista semanal Biriba.
Esta coleção é composta de 79 edições, com histórias seriadas de quadrinhos de
jornais, e algumas de comics remontadas para o formato tabloide. A editora,
porém, nos surpreendeu quando, subitamente, interrompeu a sua publicação,
deixando incompletas algumas histórias, como as dos personagens clássicos
Tarzan, Dick Tracy, Aninha, Johnny Hazard (Bill Tempestade), Terry, Steve
Canyon (Ted Ciclone), Lone Ranger (Zorro), Steve Roper (Leo Carter), Vic Flint,
Rádio Patrulha e outros. A editora ainda prometeu publicar a continuação das
histórias nas revistas Gibi e O Globo Juvenil, ainda trissemanais, mas foram
poucas as que foram concluídas nessas publicações. Então o Kern teve a ideia de
tentar conseguir os finais de todas essas histórias e publicá-las em álbuns,
destinadas especificamente aos colecionadores que possuíam o Biriba completo
(ou suas cópias, pois muitos adquiriram do Kern essa coleção). De minha parte,
apoiei a ideia dele, e já me ofereci para ajudá-lo nesse projeto, sugerindo que
fizéssemos edições parecidas com o Biriba, que teriam os números 80, 81, 82 e
daí por diante, publicando todos os finais das histórias que conseguíssemos.
Pesquisei
as minhas coleções de importados e só consegui localizar as histórias do Dick
Tracy e Johnny Hazard, mas o Kern arranjou com outros colecionadores os finais
de Tarzan, Steve Canyon e Terry. Com o meu material, de imediato fiz a montagem
da capa e das páginas do final da história de Dick Tracy, acrescentando uma
história completa de O Sombra, em tiras diárias, para completar as 32 páginas
da edição, e remeti para apreciação do Kern. Este deveria ser o Biriba 80 (ou
Biriba Especial número 1), mas aconteceu um mal-entendido, e a edição saiu com
o nome de Confraria dos Dinossauros número 1.
Explico:
o Kern e eu nos correspondíamos frequentemente, ou falávamos pelo telefone, e
ele muitas vezes se referia aos antigos colecionadores como “velhos dinossauros
em extinção” ou uma “confraria dos dinossauros”. Então eu quis sugerir ao amigo
uma parceria para, juntos, publicarmos, além dos Biribas 80, 81, 82... uma “revista”
formato tabloide somente com antigas histórias clássicas, nunca antes
republicadas, e mesmo inéditas no Brasil, e que teria o título de Confraria dos
Dinossauros. Na carta mandei junto uma sugestão do que poderia ser o logotipo
da publicação. Ele pareceu ter se entusiasmado tanto com o logotipo, inspirado
no Brucutu (Alley Oop), um de seus personagens preferidos, que imediatamente
trocou o título do Biriba 80 pelo da Confraria. Como a revista já estava
impressa, ele arrancou a capa e a substituiu pela do novo título, mas as
páginas internas continuaram com o nome “Biriba” na parte inferior. Quem tiver
esta edição, confira. E aí surgiu um problema: como a distribuição do Biriba 80
seria apenas para os que tinham a coleção, e a Confraria seria para todos os
interessados, os que a compraram e não tinham o início das histórias
reclamaram. Fui obrigado, então, a fazer edições especiais, Extras, com o
início daquelas histórias que ficaram incompletas na coleção do Biriba.
Tocamos,
então, a Confraria pra frente. Saíram 26 edições normais e 4 extras. Quase todo
o material publicado foi extraído de minha coleção de importados, álbuns
fornecidos a mim pelo Luiz Antônio Sampaio, e alguma coisa enviada por outros
colecionadores e pelo próprio Kern. Fiz, com prazer, a montagem de todas as
páginas e de todas as capas. Traduzi algumas histórias (em inglês, francês,
italiano e espanhol) e fiz o letreiramento de várias outras. O Kern e sua
família ajudaram bastante, pois ele e os filhos melhoraram algumas cópias e
também fizeram letreiramentos. E o gaúcho ainda conseguiu traduções importantes
por intermédio de outros amigos.
O Kern,
em parte, ficou com o trabalho da impressão e distribuição das edições (o mesmo
que você fazia com a Gibizada), mas ele não tinha a sua juventude nem máquina
xerox particular, sendo uma tarefa difícil para ele conseguir boas cópias. E a
expedição dos exemplares era complicada, devido ao seu formato grande, pois o
envelope sempre seguia protegido por um papelão. A coisa complicou quando de
repente houve um aumento grande no preço das cópias no formato tabloide. Assim,
fomos obrigados a reduzir o formato para o tamanho carta. Ou melhor, eram dois
os formatos, sendo o maior opcional, pois eu continuei a fazer as montagens no
formato tabloide, depois reduzia para tamanho carta, e mandava as duas matrízes
para ele.
Gostei
do trabalho que estava fazendo, tive a liberdade de escolher os episódios que
achava serem marcos na história dos quadrinhos de jornais, como o primeiro de
páginas dominicais de Tarzan desenhadas por Harold Foster, os primeiros
episódios do Brucutu, o primeiro do Dick Tracy, o primeiro do Flash Gordon
desenhado por Mac Raboy, um dos Jungle Tales of Tarzan por Burne Hogarth, o
primeiro de Red Ryder em tiras diárias, Polícia Montada, Agente Secreto X-9,
todo o início de Casey Ruggles, a última história de Tarzan por Hogarth, com o
final de Bob Lubbers, as duas primeiras do Fantasma em páginas dominicais, mais
Dick Tracy, Tarzan, The Spirit, Ricardo Relâmpago por Thiré, Lady Luck, Axa, Super-Homem
e tantos outros personagens famosos dos quadrinhos.
Foi
pena que o Kern, já com alguns problemas, não tivesse mais condições de
continuar com a nossa parceria. Ainda deixei com ele algumas futuras edições da
Confraria, com capas e páginas já montadas, faltando as traduções que me havia
prometido, e que me devolvesse para o letreiramento e finalização. E comigo
ainda guardo outras matrizes semi-acabadas, com páginas e capas prontas, mas
faltando as traduções e letreiramento. Inclusive ainda guardo uma das primeiras
matrizes que seria de uma edição com o Príncipe Valente, páginas dominicais a
partir de onde a Ebal parou. Desisti dessa quando soube que a editora Opera
Graphica iria continuar essa série no mesmo formato da Ebal. E também arquivei
uma do Flash Gordon, por Alex Raymond, que seria a seguinte ao último álbum da
Ebal, cuja história era Desira, Rainha de Trópica, que marcava a volta de Flash
Gordon ao planeta Mongo. Na época, apareceu a notícia de que uma editora
publicaria esse material em álbum. O Barwinkel ainda se interessou em continuar
com o trabalho do Kern, não só com a última edição de Historieta, que ele
deixou quase completa, como também com as Confrarias que já estavam montadas.
Mas este também nos deixou...
Foi aí
que senti a falta de nossa parceria, Edgard. Não fosse aquela máquina xerox que
falhou, quem sabe já não teríamos um vasto arquivo para facilitar as pesquisas
pelas atuais e futuras gerações de interessados nas Histórias em Quadrinhos.
No caso
dos quadrinhos de jornais, resta-nos a alegria de que um outro grande
colecionador e entendido dos quadrinhos, o Luiz Antônio Sampaio, recentemente
nos deu um vasto arquivo intitulado Gazeta dos Quadrinhos, e vários álbuns, com
mais de trezentas edições publicadas, praticamente todas com quadrinhos de
jornais, na forma original e com excelente reprodução em xerox de primeira
qualidade. Quem tem essa coleção tem um tesouro. Obrigado, Luiz!"
–
Jornal da Gibizada (papel ofício.2, 20 a 100 páginas.): nº 1 (Jan/1985) a nº 20 (Dez/1988).
– Álbum
Juvenil Série A (papel ofício.2, 50 a 114 páginas.): nº 1 (Out/1986) a nº 13 (Mai/1992).
– As
Coleções da Gibizada (papel 1/2 ofício .2, 100 a 130 páginas.): nº 1 (Nov/1986) a nº 6
(Mai/1993). O primeiro nº saiu inicialmente em formato ofício com 24 páginas e
foi relançado em dez/1987 em 1/2 ofício.2.
– Álbum
Juvenil Série B (papel carta, 100 páginas.): nº 1 (Dez/1986) a nº 27 (Abr/2000). Os 3
primeiros nºs saíram em formato 1/2 ofício. 2 e foram relançados em formato carta a
partir de Set/1991.
– Álbum
Juvenil Série C (papel ofício 2 hor., 30 a 100 páginas.): nº 1 (Fev/1987) a nº 12 (Ago/1999).
– O
Correio da Gibizada (papel 1/2 ofício.2, 4 páginas.): nº 1 (Jan/1989) a nº 3 (Mar/1989).
–
Coleção Velha Guarda (papel carta, 150 páginas.): nº 1 (Ago/1989) a nº 20 (Jul/2000).
–
Coleção Dama de Ouro (papel carta, 150 páginas.): nº 1 (Jun/1990) a nº 15 (Jun/2000).
–
Coleção Bala de Prata (papel carta, 150 páginas.): nº 1 (Set/1990) a nº 15 (Dez/1998).
–
Coleção Cine Aventuras (papel carta, 100 páginas.): nº 1 (Set/1992) a nº 3 (Set/1994).
– Álbum
Juvenil Tiras (papel ofício.2, 150 páginas.): nº 1 (Jul/1993) a nº 24 (Out/2001).
–
Coleção Jornal da Gibizada (papel ofício.2, 90 a 100 páginas.): nº 1 (Mar/1994) a nº 6
(Jan/1995). Compilação em 6 volumes dos 20 números de Jornal da Gibizada.
–
Gibizada 100 (papel ofício.2, 100 páginas.): (Mai/1994).
–
Almanaque Gibizada (papel ofícío. 2, 100 a 130 páginas.): nº 1 (Jan/1995) a nº 6 (Jan/2001).
–
Gibizada 150 (ofício.2, 150 páginas.): (Mar/1999).
–
Gibizada 151 (ofício.2, 50 páginas.): (Abr/1999).
Em
dez/2000 foram lançados, no formato pael ofício 2, com 100 páginas cada, 5
especiais: Picazim, Querozine, Gibirata, Gruprieta e Portelo, homenagem aos
fanzines Pica-Pau e Fanzim, O Quero-Quero e Fã-Zine, Gibiteca e Pirata, Grupo
Juvenil e Historieta, Portal e Castelo.
Entre
abril e dezembro de 2001, foram lançados, no formato ofício 2, com 100 páginas
cada, mais quatro especiais, como um fechamento de quatro coleções: Almanaque
Álbum Juvenil, Almanaque Bala de Prata, Almanaque Dama de Ouro e Almanaque
Velha Guarda.
Ainda
em 2000, em parceria com Oscar Kern, Valdir Dâmaso começou a publicar o fanzine
Confraria dos Dinossauros, lançado em dezembro, com objetivo inicial de
publicar as HQs que ficaram incompletas na revista Biriba, publicada no final
da década de 1940 pela Rio Gráfica.
–
Confraria dos Dinossauros (tabloíde., 36 páginas.): nº 1 (Dez/2000) a nº 26.
–
Confraria dos Dinossauros Extra (tabloíde., 36 páginas.): nº 0-1 (Mai/2001) a nº 0-4.
3 - Contribuição do amigo Edgard Guimarães:
"Ranieri,
“Estou enviando em anexo um arquivo que tem o Depoimento completo de Dâmaso
sobre seu trabalho, incluindo a relação completa de suas publicações, até a
data em que deu o depoimento. É todo o material que foi distribuído por ele
próprio e depois por mim, até que encerramos as atividades. Foram 179 edições
publicadas. Um pouco antes de morrer, Dâmaso pretendia retomar as edições e
tinha planejado mais 20 edições. São elas:
Álbum Juvenil Série A 14
Álbum Juvenil Série B 28 a 36
Álbum Juvenil Série C 13, 14
Coleção Dama de Ouro 16
Coleção Bala de Prata 16, 17
Coleção Cine Aventuras 4, 5, 6
Álbum Juvenil Tiras 25, 26
Com esses 20 títulos completaria 199 edições. A edição 200 ele chegou a fazer e
foi uma edição detalhando todas as 199 anteriores, incluindo as 20 novas.
Dessas 20 novas, que eu saiba, só saiu o Álbum Juvenil Tiras 25, que eu tenho.
O restante, se ele chegou a terminar e a fazer alguma cópia, não deu tempo de
eu adquirir antes que ele falecesse.
Ele fez também 6 volumes compilando os 30 números de Confraria dos Dinossauros
que ele havia publicado antes com o Oscar Kern.
No arquivo que lhe envio há também dois depoimentos que escrevi logo após a
morte de Dâmaso e que contêm bastante informação.
Quanto à tiragem, enquanto ficou aos meus cuidados, os álbuns que vendiam mais
chegavam a 50 exemplares. Mas havia álbuns que não tinham tanto interesse dos
leitores. Acho que o Dâmaso tinha tiragens maiores quando a distribuição era
feita por ele.
No tempo em que eu fiz a impressão e a distribuição, o esquema era simples, eu
comprei uma copiadora xerográfica de boa qualidade e eu fazia as cópias quando
recebia os pedidos. Por esse motivo, não há exemplares sobrando pois foram
impressos somente os que foram encomendados. Depois que parei de fazer o
serviço de impressão e venda, durante algum tempo em que a máquina xerográfica
funcionou, ainda atendi a alguns pedidos atrasados. Depois que a máquina pifou,
o serviço se encerrou em definitivo.
Um abraço,
Edgard Guimarães".
3 - Capas de algumas das Principais publicações da Editora GIBIZADA:
Bons tempos... tenho saudade... ainda tenho as edições do Dâmaso publicadas de 1985 a 1987...
ResponderExcluirGostei muito do conteúdo do seu blog, parabéns.
ResponderExcluirSerá que a gente poderia conversar sobre uma parceira?
entra em contato comigo
E-mail: leilivrossim@gmail.com
blog: leiolivrossim.blogspot.com