domingo, 24 de outubro de 2010

O Bicho!

Algumas revistas, apesar da pequena quantidade de números, tornam-se históricas. Algumas vezes pela ousadia, proposta, inovação, pelo surgimento de novos artistas em suas páginas. Este foi o caso da revista O Bicho.
A revista surgiu no inicio de 1975. Alguns autores especializados escrevem que foram publicados 8 números, erroneamente, pois houve um número ZERO, então vamos considerar que foram 9 exemplares (vou divulgar as capas dos nove exemplares para não gerar controvérsias).
O cartunista Fortuna era o editor da revista. Os 7 primeiros exemplares (incluindo zero) foram publicados pela CODECRI - Cômite de Defesa do Crioléu, e o diretor responsável era o Millôr Fernandes (aquele do Pasquim, e daí o nome da editora). Os dois últimos números saíram pela EMEBE Editora Ltda.
Contam alguns colecionadores que o projeto da revista foi claramente inspirado na revista Balão, inclusive alguns dos autores foram colaboradores da inspiradora.
Cada edição trazia, matérias de resgate das histórias em quadrinhos no Brasil.
Foi destaque o SETH no número 1. No número 2 o Henfil conta sua aventura no esquema de distribuição dos Fradinhos nos SYNDICATES americanos, é imperdivel. O exemplar 3 traz o Luiz Sá (emocionante a entrevista conduzida pelo Fortuna), que acabou resgatando um dos primeiros desenhos animados produzidos no Brasil pelo Luiz Sá. O exemplar 4 revela a identidade secreta do Vão Gôgo (vulgo Millôr Fernandes), que utilizou o pseudónimo para escrever uma tira cômica para o Diário da Noite, chamada Ignorabus.No exemplar 5, estreia de CRUMB (ele mesmo), e a revelação do desenho animado de Luis Sá. No número 6, o cartunista REDI, e uma história de ficção científica ilustrada pelo LEO (isto mesmo, aquele que hoje é famoso pela série Alderan!). O número 7 traz Luis Fernando Verissimo, e sua série "COBRAS". O número 8, resgata a memória do MAX (mais tarde JAGUAR), e sua criação "O Capitão". Temos também neste número uma letra de Gilberto Gil quadrinizada. E este foi o último número, de uma revista que marcou época!
Todos os exemplares trazem, em suas páginas desenhistas que fizeram a história dos quadrinhos no Brasil. Para não ser injusto com alguns dos participantes das edições deixo em aberto os nomes, para que o leitor deste humilde Blog, adquira um dos exemplares e conheça, seus autores.
Hoje para adquirir a coleção não existem muitas dificuldades, pois as tiragens da revista na época eram de 15.000 exemplares. Difícil mesmo só o exemplar zero.
Este é para meu novo amigo Vando e seu filho Augusto (na Estante Virtual LIVRARIA DOS MOURA). O Vando é conhecido livreiro de Niterói, e tive a grata surpresa, de na entrega de um exemplar adquirido, o mesmo vir pessoalmente a minha casa para entregar as revistas. 
Conversa vai, conversa vem, lhe mostrei o Blog, e falamos como é o processo de "contar" a história de uma revista.
Escolhi o Bicho, porque ele na entrega trouxe exemplares desta revista e me ofereceu. Como acho sempre, que as revistas que me são oferecidas estão em melhor estado que as minhas, acabei comprando.
Mas para ilustrar nosso bate papo, contei a trajetória da revista O Bicho.








Os Almanaques do Gibi deixo para contar depois.

3 comentários:

  1. É interessante a vida, eu não sou especialista em quadrinhos. mas lendo o comentário do Ranieri, fiquei apaixonado. Conheço de leitura a aventura do Henfil no sindicate americano. A revista que estava na minha mão tinha o desenho do Crumb e eu nem notei. Vendo no Blog reconheci os traços sem nem ler a matéria. Realmente é muito importante para todos que tem um relacionamento com revistas, gibis e livros não apenas comercial um blog como esse. Parabéns Raniéri e obrigado pela citação.
    Vando Moura - Livraria dos Moura

    ResponderExcluir
  2. Oi Museu dos Gibis
    Participei da revista O Bicho e cumprimento-os pelo resgate da nossa história. Aproveito para contribuir com sua história concertando algumas ideias.
    Os números 6, 7 e 8, feitos depois que saímos da Codecri, saíram por uma editora criada pelo Fortuna só para esse fim, a que ele deu o nome de Edições Mil.
    Quanto ao formato não foi exatamente inspirado n'O Balão e sim era um projeto individual do Fortuna. O que havia em comum era que as capas eram feitas em duas cores, mais o branco, e as páginas internas em papel jornal, para baratear a produção. E que alguns dos nossos colaboradores, os cartunistas de São Paulo, foram absorvidos d'O Balão, que não tinha distribuição nacional. O Bicho foi histórico porque foi a primeira revista de cartuns e quadrinhos de autor (não-enlatados) com distribuição e colaboração em nível nacional. Nele colaboraram tanto artistas de São Paulo, como do Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande do Sul, e iniciantes que chegavam com qualidade na redação. Um abraço da Crau, d'O Bicho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Maria Claudia muito grato pela colaboração!
      Parabéns pela excelente trabalho desenvolvido e também por nos ajudar a preservar e esclarecer a história da revista!
      Ranieri (MUSEUDOSGIBIS)

      Excluir