Grupo se reúne todos os sábados no Rio, sob o elevado da Perimetral!
Roberta Pennafort / RIO - O Estado de S. Paulo
Sábado de sol carioca, meio-dia, quase 40 graus. Eles poderiam estar na praia, mas preferem se reunir numa feira de antiguidades montada sob o elevado da Perimetral, no centro do Rio, para conversar sobre o assunto que movimenta suas vidas: gibis raros. Com cerca de 50 integrantes, a Confraria do Gibi se encontra ali há um ano, todo sábado, o dia inteiro, para trocar informações, vender e exibir suas conquistas.
Marcos de Paula/Estadão
A confraria reunida sob a Perimetral
Um deles é o contador Ranieri de Andrade, de 49 anos, um entusiasta desde a infância, que conseguiu amealhar um conjunto de mais de 60 mil revistas – as mais antigas são as de O Tico-Tico, a primeira a publicar histórias em quadrinhos no Brasil, a partir de 1905. Morador de Niterói, Andrade tem uma casa só para o acervo, e gasta R$ 5 mil mensais com a manutenção e o pagamento de uma funcionária responsável pelo material.
Mas o que ele quer mesmo é fundar um museu do gibi, em que tudo seja mantido catalogado, acondicionado sob temperatura controlada e protegido da umidade e de ladrões. Já há dez anos o contador vem procurando imóveis (em Niterói e no Rio) que sirva ao museu e buscando empresas que patrocinem o projeto.
“Preciso de um lugar seguro, mas é difícil. Quero um espaço e uma equipe, e não deixar as revistas guardadas num lugar onde eu só receba amigos. O quadrinho não é valorizado no Brasil e as empresas não têm interesse porque não dá visibilidade. Já tentei audiência com o prefeito. É um sonho da vida toda”, conta Andrade, que juntou várias coleções completas. O objeto de sua obsessão é Ken Parker, personagem de faroeste criado na Itália nos anos 1970.
“Quando a gente vê roubos até em lugares como a Biblioteca Nacional, fica muito preocupado”, diz Andrade, que mantém em sigilo detalhes sobre seu tesouro desde que foi assaltado, há três anos, na porta de casa. “O ladrão me perguntou sobre as revistas e fiquei apavorado. A partir dali, dividi a coleção em dois imóveis.”
“Quando a gente vê roubos até em lugares como a Biblioteca Nacional, fica muito preocupado”, diz Andrade, que mantém em sigilo detalhes sobre seu tesouro desde que foi assaltado, há três anos, na porta de casa. “O ladrão me perguntou sobre as revistas e fiquei apavorado. A partir dali, dividi a coleção em dois imóveis.”
Outro crime, o roubo ao escritório de Antônio José da Silva, conhecido como Tom Zé, dono da maior coleção do Brasil, há quatro meses, na zona sul de São Paulo, deixou a comunidade dos colecionadores em estado de alerta.
Acredita-se que haja assaltantes especializados – os ladrões vasculharam entre as 400 mil revistas de Tom Zé as sete mil mais raras, caso dos primeiros números de O Lobinho e A Gazetinha, almanaques dos anos 1930 e 1940 que apresentaram ao público brasileiro ícones dos quadrinhos norte-americanos, como Super-homem e Batman.
Acredita-se que haja assaltantes especializados – os ladrões vasculharam entre as 400 mil revistas de Tom Zé as sete mil mais raras, caso dos primeiros números de O Lobinho e A Gazetinha, almanaques dos anos 1930 e 1940 que apresentaram ao público brasileiro ícones dos quadrinhos norte-americanos, como Super-homem e Batman.
Tom Zé, assim como Andrade e outros da Confraria do Gibi, compartilham uma angústia: o que será da coleção quando eles morrerem? “É o grande dilema do colecionador. Tenho dois filhos que já têm interesse pelas revistas, mas não por paixão, e sim porque sabem o valor que têm. Se virar um bem público, acaba esse problema.”
Quando as famílias não apoiam, eles acabam vendendo o conjunto inteiro para outro aficionado por valores muito abaixo do mercado. Na feira sob a Perimetral, já apareceu americano comprando raridade para vender muito mais caro em seu país – caso de uma Gazetinha de 1938, em que o Super-homem apareceu pela primeira vez, que saiu no exterior por US$ 7.500 (quase R$ 18.000).
No caso do confrade Flavio Colin Filho, a fissura pelos gibis está no sangue. Ele é filho de um ilustrador e autor tido como mestre pelas novas gerações, conhecido no meio por As Aventuras do Anjo (1959), derivada da radionovela homônima, e O Vigilante Rodoviário, baseada no seriado de televisão, e que trabalhou dos anos 50 até morrer, em 2002. “Respirei isso a vida toda. Meu pai era um defensor do quadrinho nacional e, quando ele morreu, decidi digitalizar tudo o que tenho e resgatar o que está faltando."
O apego maior do presidente da Confraria, Hélio Guerra, é ao Fantasma Voador - são mais de 1.200 revistas, de 1939 a 1952. Já a radialista Ágata Desmond se tornou curadora do legado de Edmundo Rodrigues, autor falecido no ano passado do qual foi assistente de 1967 a 1972. Tem três mil exemplares. “Ele fez 432 revistas diferentes, era para ir para o Guinness Book. A gente luta pelas HQs para que a obra desses autores seja perpetuada."
Matéria, infelizmente, muito abaixo do que as bancas de gibis da Praça XV realmente são,as fotos dos gibis em sua grande maioria foram tiradas da minha barraca, meu nome nem citado foi,me senti totalmente desprestigiado.
ResponderExcluir